PINTURA NA GALERIA
PIntura na Galeria é uma exposição colectiva de vários pintores de renome nacionais e estrangeiros, com inauguração no dia 24 de Setembro, pelas 16 horas, na Galeria Vieira Portuense, sita no Largo dos Lóios,50, 4050-338 Porto, (351) 222005156, info@galeriavieiraportuense,com. Será servido um Porto de Honra. Pelas 17 horas dar-se-á o evento POESIA NA GALERIA, onde poetas do Porto e arredores declamarão poemas da sua autoria ou de poetas consagrados. A entrada é livre.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
21. ANTÓNIO CRUZ
Auto-retrato
António Cruz, 1907-1983
Natural do Porto, frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto a partir de 1930, tendo obtido diversos prémios no âmbito da sua aprendizagem académica. Obteve também prémios do SNI nos domínios do desenho, da aguarela e da escultura. Foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura , o que o levou a viajar por diversos países europeus ao longo das décadas de 30 e de 40. Conhecem-se muito poucas exposições individuais, destacando-se uma realizada no Porto e em Lisboa em 1939 e uma outra, póstuma, em 1989, na casa do Infante que teve lugar também no Porto. É considerado um renovador da aguarela em Portugal que conseguiu despojar dos motivos anedóticos que a ela andavam sistematicamente associados, para se dedicar ao registo de paisagens em que o factor lumínico é fundamental: como factor de dissolução, ocultação ou revelação das formas. Devido aos inúmeros registos que deixou da cidade do Porto, é incontestavelmente um dos pintores privilegiados desta cidade.
António Amadeu Conceição Cruz nasceu em 9 de Março de 1907, na Rua Nossa Senhora de Fátima, na freguesia portuense de Cedofeita. Era filho de Avelino da Conceição Cruz e de Luísa da Silva.
Desde cedo manifestou vocação para o desenho. Este artista, na idade adulta, viria a ser considerado o renovador da aguarela portuguesa. As suas paisagens marcantes são dominadas por uma luz que tanto oculta como revela as formas e grande parte delas imortaliza a cidade que o viu nascer, viver e morrer.
Depois da primária concluída, Cruz enveredou pelos estudos industriais frequentando o curso de Condutor de Máquinas (1920), na Escola Infante D. Henrique, Porto, para satisfazer a família.
Mas a arte já o seduzia. Muito mais do que as Noções de Mecânica Geral ou o Desenho de Máquinas. E modelo também já o tinha: o Porto e os seus recantos. Que se nota desde logo nas primeiras obras que produziu, nas quais capta pormenores da paisagem do burgo e seus arrabaldes, de lugares como Ramalde, o Campo Alegre ou Leça do Balio.
No final dos anos vinte (1928) cumpriu o serviço militar na Companhia de Torpedos em Paço de Arcos.
Logo em seguida começou a realizar alguns trabalhos publicitários, ilustrou livros escolares e expôs nas Termas de Vizela e no Casino da Póvoa. Se a primeira destas exposições não obteve sucesso, a segunda teve um resultado surpreendente: impressionado pelo que tinha visto, um turista alemão comprou todas as obras nela expostas.
Em 1930 percebeu que a Arte era, em definitivo, o seu mundo. E que a devia educar.
António Cruz, 1907-1983
Natural do Porto, frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto a partir de 1930, tendo obtido diversos prémios no âmbito da sua aprendizagem académica. Obteve também prémios do SNI nos domínios do desenho, da aguarela e da escultura. Foi bolseiro do Instituto de Alta Cultura , o que o levou a viajar por diversos países europeus ao longo das décadas de 30 e de 40. Conhecem-se muito poucas exposições individuais, destacando-se uma realizada no Porto e em Lisboa em 1939 e uma outra, póstuma, em 1989, na casa do Infante que teve lugar também no Porto. É considerado um renovador da aguarela em Portugal que conseguiu despojar dos motivos anedóticos que a ela andavam sistematicamente associados, para se dedicar ao registo de paisagens em que o factor lumínico é fundamental: como factor de dissolução, ocultação ou revelação das formas. Devido aos inúmeros registos que deixou da cidade do Porto, é incontestavelmente um dos pintores privilegiados desta cidade.
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Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto
António Cruz
António Cruz 1907-1983 Pintor e escultor | |
"António Cruz (...) é sem contestação possível o maior aguarelista português dos tempos modernos. Tirou a aguarela da banalidade para que a tinham arrastado Roque Gameiro e os aguarelistas portugueses. Deu-lhe grandeza, ressonância sinfónica; levou-a até atingir o valor de uma alta expressão sintética e afastou-a da superficialidade habitual. (...)" (Abel Salazar em entrevista a Manuel Lavrador in Sol) |
António Amadeu Conceição Cruz nasceu em 9 de Março de 1907, na Rua Nossa Senhora de Fátima, na freguesia portuense de Cedofeita. Era filho de Avelino da Conceição Cruz e de Luísa da Silva.
Desde cedo manifestou vocação para o desenho. Este artista, na idade adulta, viria a ser considerado o renovador da aguarela portuguesa. As suas paisagens marcantes são dominadas por uma luz que tanto oculta como revela as formas e grande parte delas imortaliza a cidade que o viu nascer, viver e morrer.
Depois da primária concluída, Cruz enveredou pelos estudos industriais frequentando o curso de Condutor de Máquinas (1920), na Escola Infante D. Henrique, Porto, para satisfazer a família.
Mas a arte já o seduzia. Muito mais do que as Noções de Mecânica Geral ou o Desenho de Máquinas. E modelo também já o tinha: o Porto e os seus recantos. Que se nota desde logo nas primeiras obras que produziu, nas quais capta pormenores da paisagem do burgo e seus arrabaldes, de lugares como Ramalde, o Campo Alegre ou Leça do Balio.
No final dos anos vinte (1928) cumpriu o serviço militar na Companhia de Torpedos em Paço de Arcos.
Logo em seguida começou a realizar alguns trabalhos publicitários, ilustrou livros escolares e expôs nas Termas de Vizela e no Casino da Póvoa. Se a primeira destas exposições não obteve sucesso, a segunda teve um resultado surpreendente: impressionado pelo que tinha visto, um turista alemão comprou todas as obras nela expostas.
Em 1930 percebeu que a Arte era, em definitivo, o seu mundo. E que a devia educar.
Para tal matriculou-se na Escola de Belas-Artes do Porto, sem o conhecimento dos pais. Na ESBAP, foi aluno de Acácio Lino (1878-1956), de Joaquim Lopes (1886-1956) e de Dordio Gomes (1890-1976) em Pintura, e de Pinto do Couto (1888-1945) e Barata Feyo (1898-1990), em Escultura. Da vida académica fica ainda a participação num grupo de jovens artistas, o "+ Além", com o qual virá a expor.
Nos dois anos seguintes, porque lhe faltavam condições e os pais continuavam sem saber o que o filho fazia, concorre a pensionista do Legado Ventura Terra, para prosseguir os seus estudos. Para isso era necessário um atestado de pobreza, que consegue obter da Junta de Freguesia de Ramalde.
Em 1932, o então estudante da Escola de Belas-Artes recebe o prémio de desenho "José Rodrigues Júnior". A notícia foi publicitada nos jornais e o seu segredo posto a descoberto. No entanto, se o futuro aguarelista temia o desagrado dos pais, isso não aconteceu: é que a distinção era muito honrosa, amenizando a tensão familiar.
No ano de 1933 dedicou-se intensamente ao desenho. Fazia-o nos lugares mais animados da cidade: nos cafés, que naqueles tempos eram apetecidos locais de convívio. No café Vitória, aos Aliados, entretanto desaparecido, retratou fortuitamente um habitué que era um cliente especial. Este, em troca do retrato, deu-lhe 50 escudos e um cartão de recomendação para o Dr. Alfredo Magalhães, seu futuro mecenas, que lhe viria a conseguir um atelier num lugar especial: na Maternidade de Júlio Dinis.
Abalado pela morte do pai, em 1934, e lutando com a falta de dinheiro, viu-se obrigado a interromper os estudos, fixando-se temporariamente na Ponte da Barca, onde passou todo o tempo a pintar. E um invulgar gesto de solidariedade ocorreu: setenta e dois alunos da Escola de Belas-Artes do Porto, entre os quais se destacam Dominguez Alvarez, Guilherme Camarinha, Augusto Gomes, Laura Costa, Ventura Porfírio e Agostinho Ricca, solicitou ajuda, num abaixo-assinado dirigido à Direcção da Escola, para que António Cruz continuasse os estudos. Esse mesmo grupo de alunos, em 1935, endereçou o mesmo pedido à Câmara Municipal do Porto, que lhe concedeu uma bolsa mensal, de "trezentos escudos", depois suportada com o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim.
Em 1937, à boleia num cargueiro, partiu para a Grã-Bretanha, onde visitou museus e pintou. De regresso ao Porto, terminou o Curso de Pintura da Escola de Belas-Artes, ainda com bolsa de estudo da Câmara Municipal do Porto.
Amigos e admiradores, como o Dr. Alfredo Magalhães, Joaquim Lopes, Aarão de Lacerda, o Dr. Melo Alvim, o Engº Brito e Cunha e D. Isabel Guerra Junqueiro, organizaram, em 1939, a sua primeira exposição individual, no Salão Silva Porto. Em Dezembro desse ano, a exposição foi levada para a Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, sendo inaugurada pelo Chefe de Estado e pelo Ministro da Educação Nacional. Enquanto ela decorreu, o artista foi alvo de várias homenagens.
Além do Curso de Pintura, António Cruz frequentou o de Escultura da ESBAP, em 1942, alcançando a 1ª medalha no curso com a tese "Uma estátua equestre a D. Afonso Henriques". Em 1945, apresentou a prova de final de curso com a obra "Adoração dos Pastores", obtendo a classificação de 18 valores.
Em 1944 foi-lhe concedida uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, para aperfeiçoamento dos estudos de aguarela, ameaçada por rumores que o davam como comunista, mas salva pela pronta intervenção de altas figuras, como o Prof. Reynaldo dos Santos.
Nos dois anos seguintes, porque lhe faltavam condições e os pais continuavam sem saber o que o filho fazia, concorre a pensionista do Legado Ventura Terra, para prosseguir os seus estudos. Para isso era necessário um atestado de pobreza, que consegue obter da Junta de Freguesia de Ramalde.
Em 1932, o então estudante da Escola de Belas-Artes recebe o prémio de desenho "José Rodrigues Júnior". A notícia foi publicitada nos jornais e o seu segredo posto a descoberto. No entanto, se o futuro aguarelista temia o desagrado dos pais, isso não aconteceu: é que a distinção era muito honrosa, amenizando a tensão familiar.
No ano de 1933 dedicou-se intensamente ao desenho. Fazia-o nos lugares mais animados da cidade: nos cafés, que naqueles tempos eram apetecidos locais de convívio. No café Vitória, aos Aliados, entretanto desaparecido, retratou fortuitamente um habitué que era um cliente especial. Este, em troca do retrato, deu-lhe 50 escudos e um cartão de recomendação para o Dr. Alfredo Magalhães, seu futuro mecenas, que lhe viria a conseguir um atelier num lugar especial: na Maternidade de Júlio Dinis.
Abalado pela morte do pai, em 1934, e lutando com a falta de dinheiro, viu-se obrigado a interromper os estudos, fixando-se temporariamente na Ponte da Barca, onde passou todo o tempo a pintar. E um invulgar gesto de solidariedade ocorreu: setenta e dois alunos da Escola de Belas-Artes do Porto, entre os quais se destacam Dominguez Alvarez, Guilherme Camarinha, Augusto Gomes, Laura Costa, Ventura Porfírio e Agostinho Ricca, solicitou ajuda, num abaixo-assinado dirigido à Direcção da Escola, para que António Cruz continuasse os estudos. Esse mesmo grupo de alunos, em 1935, endereçou o mesmo pedido à Câmara Municipal do Porto, que lhe concedeu uma bolsa mensal, de "trezentos escudos", depois suportada com o apoio da Junta de Freguesia do Bonfim.
Em 1937, à boleia num cargueiro, partiu para a Grã-Bretanha, onde visitou museus e pintou. De regresso ao Porto, terminou o Curso de Pintura da Escola de Belas-Artes, ainda com bolsa de estudo da Câmara Municipal do Porto.
Amigos e admiradores, como o Dr. Alfredo Magalhães, Joaquim Lopes, Aarão de Lacerda, o Dr. Melo Alvim, o Engº Brito e Cunha e D. Isabel Guerra Junqueiro, organizaram, em 1939, a sua primeira exposição individual, no Salão Silva Porto. Em Dezembro desse ano, a exposição foi levada para a Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, sendo inaugurada pelo Chefe de Estado e pelo Ministro da Educação Nacional. Enquanto ela decorreu, o artista foi alvo de várias homenagens.
Além do Curso de Pintura, António Cruz frequentou o de Escultura da ESBAP, em 1942, alcançando a 1ª medalha no curso com a tese "Uma estátua equestre a D. Afonso Henriques". Em 1945, apresentou a prova de final de curso com a obra "Adoração dos Pastores", obtendo a classificação de 18 valores.
Em 1944 foi-lhe concedida uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, para aperfeiçoamento dos estudos de aguarela, ameaçada por rumores que o davam como comunista, mas salva pela pronta intervenção de altas figuras, como o Prof. Reynaldo dos Santos.
Em 1954 casou com Ofélia Marques da Cunha na Igreja de Santo Ildefonso, no Porto. Quatro anos depois começou a leccionar na escola de Artes Decorativas de Soares dos Reis, na mesma cidade. Em 1962, concorreu para provimento de um lugar de professor na Escola de Belas-Artes do Porto e, no ano seguinte, é nomeado professor agregado de Desenho, depois de aprovado em mérito absoluto no concurso público. E em 1964 insiste em concluir os estudos de Escultura na mesma Escola de Belas-Artes; contudo, não chega a apresentar a obra de tese nesta área.
Em 1982, os artistas Armando Alves e José Rodrigues e o editor José da Cruz Santos organizam, na Casa do Infante, uma segunda exposição individual de obras de António Cruz e um serão de homenagem ao artista (25 de Novembro a 12 de Dezembro). Nessa ocasião foi lançado o álbum O Pintor e a Cidade, com a reprodução de aguarelas do artista, acompanhadas de um texto da autoria de Agustina Bessa-Luís, e o jornal "O Comércio do Porto" lança um concurso subordinado ao tema "O Pintor e a Cidade".
Esta popular exposição gerou, como nunca até então, um grande assédio por parte dos jornalistas para que o artista concedesse entrevistas, prática a que era avesso. Logo em seguida participa na exposição "Os Anos 40 na Arte Portuguesa", em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1983, realiza a última mostra da sua arte. Uma exposição individual na Galeria Diagonal, em Cascais, entre 15 de Abril e 5 de Maio. Morreu no Porto, em 29 de Agosto desse ano.
Durante toda a sua carreira participou num grande número de exposições colectivas, em diversas galerias e instituições, nos mais variados pontos do país, e recebeu inúmeras distinções pelas suas pinturas e esculturas. Em 1956 fora figura principal no filme O Pintor e a Cidade, de Manoel de Oliveira, apresentado no Festival de Veneza.
Esta popular exposição gerou, como nunca até então, um grande assédio por parte dos jornalistas para que o artista concedesse entrevistas, prática a que era avesso. Logo em seguida participa na exposição "Os Anos 40 na Arte Portuguesa", em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1983, realiza a última mostra da sua arte. Uma exposição individual na Galeria Diagonal, em Cascais, entre 15 de Abril e 5 de Maio. Morreu no Porto, em 29 de Agosto desse ano.
Durante toda a sua carreira participou num grande número de exposições colectivas, em diversas galerias e instituições, nos mais variados pontos do país, e recebeu inúmeras distinções pelas suas pinturas e esculturas. Em 1956 fora figura principal no filme O Pintor e a Cidade, de Manoel de Oliveira, apresentado no Festival de Veneza.
20. Garizo do Carmo
Garizo do Carmo nasceu em 1927, em Lisboa.
Frequentou Arquitectura na E.S.B.A.P. de 1944 a 48.
Aluno Voluntário em Pintura dos Mestres Joaquim Lopes e Dórdio Gomes.
Fez parte do grupo dos independentes do Porto com Fernando Lanhas, Júlio Resende, Martins da Costa, realizando com estes em colectivas – 1º Salão de Arte Abstracta e Independentes do Norte – 45/48.
Contacta com Júlio Pomar e nadir Afonso entre outros.
De 1948 a 1954 frequentou a Escola de Belas Artes de Toulouse, Grenoble e a sessão de Arquitectura da Escola de Paris – Atelier Zavaroni – especializando-se, simultaneamente, em cerâmica.
Frequenta, na mesma época, em pintura e gravura, a “Grande Chaumière”.
Contactos permanentes em Paris com Costa Camelo, Canto de Maria, Francis Smith e M. H. Vieira da Silva.
Instala, em Paris, uma oficina de Cerâmica e, em concurso para residentes estrangeiros, obtém uma Bolsa de Estudo do Governo Francês, trabalhando durante dois anos a Manufacture Nationale de Sèvres.
Dedica-se às Artes Gráficas, trabalhando em cartaz, como “free lancer” ombreando com Colin Savignac.
Substituiu o pintor Paulo Ferreira como decorador da casa de Portugal em Paris e toma conhecimento da obra de Amadeo de Souza Cardoso, através das relações com a viúva do pintor (então funcionária daquele organismo) em 1949/50.
Expõe cerâmica em Paris – 1952.
Retorna a Portugal em 1954 e expõe individualmente cerâmicas na S.N.B.A. e cartazes na, hoje extinta, Galeria Artes e Letras.
Dirige uma secção de cerâmicas artísticas na Fábrica de Sacavém, onde realiza diversos “cartões” de Ribeiro de Paiva e um grande conjunto mural para o Cinema S. Jorge na cidade da Beira.
Regressa a Moçambique em 1956 e expõe cerâmica e cartazes em Lourenço Marques e comparticipa em trabalhos de arquitectura, pintura e escultura nos Pavilhões da Exposição das Actividades Económicas de Moçambique. Contactos, nessa data, com Câmara Leme, Costa Pinheiro, Fernando Azevedo, Vespereira e Nuno Sanpayo.
Trabalha com o arquitecto Pancho Miranda Guedes, Tinoco e outros. Até 1962 desenvolve actividade profissional, na cidade da Beira, nos campos da arquitectura, decoração, pintura, escultura e artes gráficas, deixando numerosos trabalhos em Manica e Zambézia.
Decoração do Pavilhão de Moçambique na 1ª Feira Industrial de Luanda. Actividades directivas no Centro Cultural e Arte e Cine Clube da Beira, praticando, como amador, cinema de ensaio e animação (16mm).
Sob convite e em concurso com o pintor britânico Jonh Piper, ganha a opção e execução de um vasto mural em baixo relevo policromado nos Arquivos Nacionais – Salisbury.
Radicado desde fins de 1962 em Lourenço Marques, inicia uma actividade gráfica no campo do jornalismo como redactor-paginador e abraça o professorado artístico.
Em 1964, em concurso com outros artistas convidados, ganha a execução dum grande painel mural no B.N.U.
Bolseiro na Fundação Calouste Gulbenkian frequenta o “Post-Graduate Course” de Gravura e Artes Gráficas e Fotografia na Slade School (London University College) sob o ensino do aguafortista Anthony Gros e Bartolomeu Cid, de 1970-1972.
Retrospectiva dos 25 anos de pintura, em Março de 1973 na Galeria Texto, em Lourenço Marques.
Foi professor do quadro, regendo no Ensino Técnico Profissional e Artes Decorativas (Artes Visuais) – Escola António Arroio – 1962/1977.
Bolseiro do Governo Polaco em Varsóvia 1979-1980 em Artes Gráficas, tendo trabalhado com Hendrik Tomaszewsky, Urbvaniec, Kotarbinski e Wassilewski.
Bolseiro de estado pela Secretaria de Estado da Cultura com o apoio do British Council em Inglaterra – Mancherter e Londres – em fotografia de cena – 1985.
Convidado a expor pelo Instituto f Education da University of London, na Galeria Logan, no Outono de 1986 integrado nos 600 anos da aliança luso-britânica.
Expôs pintura individual em Paris, Porto, Lisboa, Estoril, Beira, Lourenço Marques, Johanesburg e Durban.
Colectivas de pintura, gravura e cerâmica, fotografia e cartaz no Porto, Lisboa, Lourenço Marques, Madrid, Paris, Roma, Brasil, Jugoslávia, Bulgária, Roménia, Estoril e Cascais.
I e II Exposições de Artes Plásticas.
Exposições dos “anos 40” e “25anos da Cooperativa de Gravadores Portugueses” – Fundação Gulbenkian.
Bienais de S. Paulo, Lathen, Varsóvia, Belgrado, Brno, Califórnia, Cerveira, Yokohama (Japão) e Vancouver (Canadá), Grafiporto.
Exposição Internacional do Fantástico e Surrealismo.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
Cerâmica – Paris – 1950
Cerâmica - Lisboa – 1952
Cerâmica – L. Marques – 1954
Cartazes – Lisboa – 1952 e L. M. 1954
Pintura – Bienal – 1961
Pintura – Joanesburgo – 1962
Pintura – L. Marques – 1964
Desenhos – L. Marques – 1968
Pintura – Estoril – 1969
Retrospectiva – L. Marques – 1973
Pintura – Lisboa – 1974
Pintura – Porto – Lisboa – 1980
Pintura – Lisboa – 1989
Pintura – Estoril – 1992
Pintura – Porto – 1992
Pintura – Lisboa – 1992
EXPOSIÇÕES COLECTIVAS
1ª Salão dos Independentes – Porto – 1946
Salão de Arte Abstracta – Porto – 1948
1ª Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian – 1964
1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Exposições dos Independentes – L. Marques 1963/68
Arte em Liberdade – Lisboa – 1974
Arte Portuguesa – Roma – 1975
Arte Portuguesa – Paris – 1977
Arte Portuguesa – Madrid – 1978
25 anos da Coop. Grav. Portugueses – F. Gulbenkian – 1977
Gravura Portuguesa – Exposição itinerante na Europa (Jugoslávia. Roménia. Bulgária) - 1976
Gravura Portuguesa – Roma – 1977
Brasil – 1978
Inventario 2 – S.E.C. – 1979
Editado pela Cooperativa de Gravadores Portugueses
Exposição nacional “Anos 40” F. C. G. – 1980
I – III Bienal de Cerveira – 1980-82
Salão de Primavera – Estoril – 84-85
I Exposição Nacional de Desenho e Gravura – M. Ferreira Borges – Porto – a1985 – premiado
Salão de Pequeno Formato – Cascais – 1985
Colectiva de Reabertura – Galeria Tempo – 1985
Colectiva Galeria Fonte Nova – 1985
Colectiva Exp. António Arroio S.N.B.A. – 1986
Colectiva Galeria Diagonal – 1984
Exposição Internacional do fantástico e Surrealismo – 1984
Salões Pequeno Formato Gravura Aguarela e Outono – Casino Estoril 1985/1992
BOLSAS
Bolseiro Governo Francês – 1950/52 na Manufacture Nationale de Sèvres – Institut Superior de Cerâmique – Paris
Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian – 1970/72 – na London University – Slade School – Gravura Artes Gráficas e Fotografia
Bolseiro na República Socialista Popular Polaca – Artes Gráficas (Teatro) – Varsóvia e Cracóvia – 1979/80
Bolseiro do Minist. Cultura e British Council – em fotografia de cena – Royal Exchange Theatre e Batterssa Art Centre – Manchester – Londres – 1984/85
BIENAIS
S. Paulo – 1968 – Pintura
Varsóvia – 1978 – Cartaz
1977-79-81 – Brno 1981-85 – Belgrado 83 – Varsóvia – 1979-86 Colorado U.S.A. – 1985 – Vancouver – Canadá 1985 – Yokoama – Japão – 1985
Festival de Tróia – 1985 (prémio)
Grafiporto – 1986
Concurso Internacional 40 An iv Auschewich – 1984 – Menção Honrosa
Concurso Internacional – Ano Internacional da Paz – Varsóvia – 1986
BIBLIOGRAFIA
BI Enciclopédia Internacional Collières – 1964
Portuguese 20th Century Artists – Michael Tannock/Philmore – Londres 1978
Arte em Portugal no século XX – José Augusto França – Lx. Bertrand 1974
História de Arte em Portugal – Flórido de Vasconcelos – RTP 1972
Da pintura Portuguesa – ensaios – José Augusto França – Ática 1960 (introdução a uma retrospectiva da Arte Abstracta em Portugal)
Pintura e Escultura em Portugal 190-1980
Rui Mário Gonçalves - Biblioteca Breve. ICCP 1980
Estudos sobre Artes Plásticas – Anos 40 – Fernando Guedes – Imprensa Nacional 1985
Lexicoteca – Moderna Enciclopédia Universal – Circulo de leitores 1985
Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses – Fernando Pamplona 1989
História de Arte em Portugal de Dr. Rui Mário Gonçalves – edições Alfa
in "50 Anos Depois"
Lóios Galeria
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
1. ALBANO NEVES E SOUSA
"Dança"
Óleo s/tela
63x80 cm
6.500,00 €
Neves e Sousa
o pintor de Angola
“Angola nos deu tanta e tanta coisa boa, fundamental para a formação do povo brasileiro, para o que hoje somos! Deu-nos sangue, o bom sangue negro de Angola, deu-nos dança e canto, deuses trazidos da floresta, a obstinada disposição de luta, e invencível e livre capacidade de rir e de viver. Somos tão angolanos como quem mais o seja - Bahia e Luanda são cidades irmãs.Não contente, Angola vem de nos legar, nas confusões do nosso tempo incerto, o pintor Neves e Sousa. Pintor de Angola, de sua paisagem poderosa, de sua poderosa gente, dos costumes, da magia e da realidade — ele tocou com seu lápis ou com seu pincel cada momento e cada detalhe do país e do povo. O sol de Angola imprimiu a cor definitiva da sua paleta.
Não posso senti-lo estrangeiro sob o sol da Bahia, as cores são idênticas, muitos dos nossos hábitos vieram de lá. Na beleza das mulheres há um toque de dengue angolano, na força e na esperança dos homens descortino a decisão da gente de África. Neves e Sousa, encontra aqui a irmandade dos países que têm em comum, além da língua, alguns bens decisivos de suas culturas nacionais. Não é estrangeiro no Brasil o artista de Angola.
Sob o sol da Bahia, Neves e Sousa prossegue a sua obra admirável e a leva aos quatro cantos do continente brasileiro, pois é andejo de natureza esse mestre pintor de árvores e bichos, de homens e deuses.”
Jorge Amado
Poeta e pintor português, Albano Silvino Gama de Carvalho das Neves e Sousa nasceu em 1921, em Matosinhos, e faleceu em 1995, em São Salvador da Baía, no Brasil.
Desde muito cedo foi viver para Angola e, depois de 1975, para o Brasil. Cursou pintura na Escola Superior de Belas-Artes, no Porto, vindo a pintar temáticas africanas e temáticas locais angolanas. Visitou vários países como Cabo verde, Guiné, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Publicou livros de poesia, como Motivos Angolanos (1946), Mahamba. Poesias 1943-1949 (1949), Muênho (1968), entre outros, e está incluído em algumas antologias, tal como Antologia Poética Angolana (1963), Presença do Arquipélago de S. Tomé e Príncipe na Moderna Cultura Portuguesa (1968) e Angolana (1974).
Recebeu, em 1963, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique pelo Governo de Portugal, em 1970, a Honorary Mention - International Design Exhibition, em Rijeka (Jugoslávia), em 1974, em Naples, na Itália, a medalha de ouro de Designers da Academia Ponzen e, em 1993, de novo pelo Governo português, a Comenda da Ordem de Mérito.
Algumas das obras picturais do "pintor angolano", como é conhecido, podem ser vistas em várias exposições e no Hospital Português da Bahia (Brasil).
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Para além dos quadros e quadras
Para além dos seus quadros e da poesia, Albano Neves e Sousa foi, sem dúvida, notável em vários outros campos de actividade. Temos a esperança de que a partir da Casa Neves e Sousa se faça um trabalho de inventariação — que será, obviamente, sempre incompleto — do que foi a sua acção no registo do quotidiano e dos povos e paisagens que ele nos queria deixar.
O rigor do seu desenho impressiona. Há mesmo quem considere que os seus desenhos estão a par das suas aguarelas, e nós sabemos bem como elas eram apreciadas, por exemplo, em Espanha. E temos de reconhecer como notável a facilidade com que ele registava as coisas mais simples, descobrindo nelas o seu lado mais belo.
Dotado de um grande sentido de oportunidade, a ironia das suas caricaturas provocam em nós um sentimento de cumplicidade. Não era fácil tomar-se uma refeição com o Albano sem partirmos com um ou dois desenhos (em papel, no guardanapo ou num prato…) que os seus amigos guardam com veneração…
Divertia-o esse seu lado de “menino marotão” e assim gostava também de se identificar.
Ficaram como verdadeiros marcos alguns dos seus painéis… Desde logo o grande mural do Aeroporto Internacional de Luanda. É uma peça monumental de 345m2 em grafite, que homenageia os povos e etnias de Angola. Era a primeira imagem de Angola para muitos dos que chegavam a Luanda.
Muitos edifícios públicos e particulares tinham nas suas áreas públicas (comuns) a “marca” Neves e Sousa. Alguns desses trabalhos já não existem (Grande Hotel da Huila / Lubango, Hotel Terminus / Lobito…), mas doutros conseguimos trazer registo para este livro. É o caso do painel do Hotel dos Navegantes, no Lobito (que foi reabilitado em 1989 por iniciativa da União dos Artistas Plásticos de Angola) e dos 6 “quadros de parede” do Hotel Universo, em Luanda. Albano Neves e Sousa tinha uma relação muito especial com o dono desse Hotel – um galego, Manuel Trigo Gonzales – e foi comensal durante anos do Hotel. Dizem-me que os quadros foram parte do pagamento na forma preferida por Manuel Trigo, um grande apreciador da sua arte.
Ainda no capítulo das decorações murais, há a assinalar um trabalho na Aerogare do Aeroporto da Praia (um grande quadro de parede representando uma praia da Ilha de Santiago) e um trabalho (magnífico) no Palácio Presidencial, em S. Tomé, (um tríptico no patamar da escadaria principal, representando cenas do quotidiano de S. Tomé e Príncipe) que serviu de motivo para uma nota daquele país africano.
Albano Neves e Sousa ilustrou muitos livros com as suas “vinhetas”. Destacamos o trabalho que efectuou para o livro do Dr. António Videira, outro símbolo da Angola dos anos 50 e 60. E são da sua autoria as capas de muitos livros tratando, sobretudo, de temática africana. Por exemplo, dos livros de Reis Ventura. É curioso notar que uma série de livros saídos recentemente sobre Angola, continuam a usar trabalhos de Neves e Sousa como marca identificativa. É o caso dos recentes trabalhos do Dr. Costa Oliveira, antigo Secretário Provincial da Economia de Angola, e do escritor Oliveira Pinto.
É também da sua autoria o símbolo da TAAG. A palanca negra idealizada por Neves e Sousa é, desde há quase 40 anos, a imagem da transportadora aérea nacional angolana.
E quem visita o Museu de História Natural de Angola (ex-Museu de Angola) ficará maravilhado com os "painéis" que Neves e Sousa idealizou para enquadrar os animais embalsamados que lá se encontram.
E poderíamos prolongar as nossas referências a calendários, desenhos para cerâmica, etc., mas faremos apenas uma referência final à sua presença no mundo dos selos. Milhões de pessoas tiveram a ocasião de admirar os seus desenhos através dos selos que ele desenhou. E não apenas para Angola. De Angola o "Selo do Povoamento", os "Selos da Assistência" onde um dos seus filhos é retratado, a série da Welwitchia Mirabilis, os selos da "Série comemorativa dos 75 anos do Hospital Maria Pia". E, sobretudo, são inteiramente "ele", os selos dessa espantosa série de 1959, “Tipos Indígenas”, de que deixamos alguns exemplares para registo.
Não deve ter sido fácil para Neves e Sousa, que detinha um conhecimento único dos povos e etnias de Angola, seleccionar apenas doze para integrarem a série "Tipos indígenas", ou seja, uma ínfima parte do "cadinho" dos povos de Angola.
Reproduziu nas suas cores o que desenhou, como o testemunham as pessoas que conheciam bem as respectivas regiões.
O selo de $05 representa um soba de Malange, com o seu barrete em forma de chifres, mais ou menos longos, consoante a sua dignidade e hierarquia. O selo de $10 mostra um tocador de flauta do planalto do Bié. O selo de $15 representa trajes característicos da Região dos Dembos. O selo de $20 representa um bailarino kissama, da região do Kwanza, armado dum “javite” (pequeno machado) e de um rabo de antílope que agita num ritual, simbolizando a caça antes e depois de abatida. O selo de $30 mostra um casal da Região do Bailundo, com os seus trajes característicos. O selo de $40 representa um dançarino do Bocoio, região próxima do Lobito. O selo de $50 mostra uma mulher kissama, habitante do que era uma rica região de caça a poucas dezenas de quilómetros de Luanda. O selo de $80 mostra uma orgulhosa mulher kwanhama. O selo de 1$50 representa uma mulher de luto de Luanda. Está envolta nos seus panos pretos e na cabeça usa uma espécie de turbante, sustentado por um canudo de cartão, que segura na cabeça e é coberto pelo pano. É uma indumentária em regressão. O selo de 2$50 representa um bailarino da região do Bocoio, com frutos secos nas mãos, e cujo chocalhar das sementes marca o ritmo da dança. O selo de 4$00 representa um muquixe do Moxico, com a máscara que é usada em certas cerimónias em que esconjura os maus espíritos. Finalmente, o selo de 10$00 mostra um soba de Cabinda.
Quantos de nós não tiveram, através dos seus selos, o primeiro contacto com a viúva de Luanda, o dançarino do Bocoio ou o muquixe do Moxico? Eu fui um deles.
Obrigado Albano!
Miguel Anacoreta Correia
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Velha Muximba do Iona - a tribu muximba próxima parente dos vacuvale pertence também ao grupo herero. Vivem em pleno deserto uma vida nómada, sempre em busca de água e pasto para umas escassas cabeças de gado que possuem.
Como já anteriormente tinha referido, ao ser convidada para escrever nesta casa, pensei muitas vezes que não teria imaginação para escrever em dois blogues, que apesar de muito diferentes na linha editorial, quando o tema é Angola ficariam parecidos. Depois pensei, que tal eu procurar na minha biblioteca, nas minhas memórias, no meu baú, poemas, artigos, estórias, música, gravuras e quadros que possam dar a conhecer a todos que visitam esta casa um pouco mais do meu País.
Este é um desenho de Neves e Sousa, que "scaniei" do livro Angola a Branco e Pretoe deixo aqui o pedaço final da Carta Aberta a Neves e Sousa escrita por Jorge Amado e publicada no inicio do livro:
"... Agora você me escreve para contar a razão verdadeira do adiamento da viagem:est´preparando um livro, com 100 desenhos de Angola, uma visão da terra e do homem, da vida e do mistério, ao modo, diz você, das Sete Portas da Bahia, de Carybé. Bem, se é assim há uma razão válida alhe desculpar e logo informo os amigos do motivo justo e passamos a esperar o livro com ansiedade. Creio que você vai fazer algo definitivo e extremamente valioso no sentido do conhecimento de Angola e aqui estamos nós muitíssimos interessados. Como vocÊ sabe, nós baianos somos angolenses ou angolanos, de uma ou de outra forma o somos, comemos comidas de Angola, usamos termos de Angola, veneramos sntos de Angola nos candomblés angola, nossa luta e baile da capoeira é angolana, e temos o samba de Angola, sem falar no sangue que nos corre nas veias, sangue negro de Angola, do melhor. Somos também, é bem verdade, nagôs e gêges, congos e malês, índios, portugueses, árabes, judeus, e agora incorporamos japoneses, sem falar nos italianos, húngaros, alemães, polacos e eslavos variados, misturamos tudo para sermos esses mestiços porretas que somos...
JORGE AMADO "
sexta-feira, 27 de junho de 2008
Angola a Branco e Preto
Velha Muximba do Iona - a tribu muximba próxima parente dos vacuvale pertence também ao grupo herero. Vivem em pleno deserto uma vida nómada, sempre em busca de água e pasto para umas escassas cabeças de gado que possuem.
Como já anteriormente tinha referido, ao ser convidada para escrever nesta casa, pensei muitas vezes que não teria imaginação para escrever em dois blogues, que apesar de muito diferentes na linha editorial, quando o tema é Angola ficariam parecidos. Depois pensei, que tal eu procurar na minha biblioteca, nas minhas memórias, no meu baú, poemas, artigos, estórias, música, gravuras e quadros que possam dar a conhecer a todos que visitam esta casa um pouco mais do meu País.
Este é um desenho de Neves e Sousa, que "scaniei" do livro Angola a Branco e Preto
"... Agora você me escreve para contar a razão verdadeira do adiamento da viagem:est´preparando um livro, com 100 desenhos de Angola, uma visão da terra e do homem, da vida e do mistério, ao modo, diz você, das Sete Portas da Bahia, de Carybé. Bem, se é assim há uma razão válida alhe desculpar e logo informo os amigos do motivo justo e passamos a esperar o livro com ansiedade. Creio que você vai fazer algo definitivo e extremamente valioso no sentido do conhecimento de Angola e aqui estamos nós muitíssimos interessados. Como vocÊ sabe, nós baianos somos angolenses ou angolanos, de uma ou de outra forma o somos, comemos comidas de Angola, usamos termos de Angola, veneramos sntos de Angola nos candomblés angola, nossa luta e baile da capoeira é angolana, e temos o samba de Angola, sem falar no sangue que nos corre nas veias, sangue negro de Angola, do melhor. Somos também, é bem verdade, nagôs e gêges, congos e malês, índios, portugueses, árabes, judeus, e agora incorporamos japoneses, sem falar nos italianos, húngaros, alemães, polacos e eslavos variados, misturamos tudo para sermos esses mestiços porretas que somos...
JORGE AMADO "
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Neves e Sousa (Albano Silvino Gama de Carvalho das Neves e Sousa) nasceu em Matosinhos – Portugal – em 1921. Fez o Curso do Liceu (Ginasial) em Luanda/Angola.
Primeira exposição no Andulo (Angola) em 1936.
Exposição em Luanda em 1937 com o apoio do Jornal “A Província da Angola”.
Integrado como pintor na Missão de Estudos Etnográficos trabalha na recolha de elementos de etnografia e pintura na Quissama, Dondo, Moximo e Dembos (Angola) e expõe com Álvaro Canelas e António Campino em Luanda em 1941.
Em 1943 obtém uma bolsa de estudos concedida pela Câmara Municipal de Luanda e faz o Curso Superior de Belas Artes na Escola no Porto. Obteve na escola os prémios “José Meireles Jr.”, “Centenário Soares dos Reis”, “ Prémio 3 Artes”, “Rodrigo Soares” e “Rotary Club do Porto” 1950. Defendeu tese em 1952 e regressou a Luanda onde passou a residir em carácter permanente.
Tem mais os seguintes prémios:
- 1º Prémio/Aguarela na 1ª Exposição de Artes Plásticas de Luanda/Angola.
- Prémio Rotary Clube do Porto – 1951.
- 2º Prémio de Pintura da “Casa da Metrópole” em Luanda.
- Medalha de bronze da Exposição de “Caça e Pesca” – Dusseldorf – Alemanha – 1954.
- 1º Prémio/Pastel na exposição de Artes Plásticas da Câmara Municipal de Luanda – 1967.
- Medalha de Ouro/Desenho – Academia de Pontzen – Nápoles – Itália em 1974.
Menção Honrosa na Exposição Internacional de Desenho da Rijeka – Yugoslávia – 1970.
Em 1963 foi agraciado com a ordem do Infante D. Henrique no Grau de Comendador, pelo Governo Português.
Expôs colectivamente em numerosas exposições promovidas pelo Secretariado de Propaganda em Lisboa e Porto (Portugal).
Nos anos 40 participou do Grupo dos Independentes de cujo núcleo fez parte. Na mesma época, organizou com Fernando Lanhas a 1ª Exposição de arte infantil no Porto.
Participou de exposições colectivas no estrangeiro. Realizou viagens de estudo à França, Espanha, Itália, Inglaterra e Brasil.
Executou decorações em edifícios públicos em Angola, S. Tomé e Cabo Verde. No aeroporto de Luanda tem um trabalho em grafite com área de 375m2.
Também executou a decoração do Pavilhão de Angola na exposição de Rhodes – Bulawio (Rodésia) em 1953.
Pintou dois painéis para o Banco Auxiliar, um para Salvador em 1981 e outro para Aracaju em 1983.
Em 1975 vai aos Estados Unidos (Seatle) afim de efectuar a decoração dos interiores dia aviões Boeing 737 dos transportes Aéreos de Angola – TAAG.
Está representado em diversos Museus portugueses e estrangeiros e em muitas colecções particulares, como:
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Lisboa.
Museu Nacional de Soares dos Reis – Porto
Museu dos Açores – Açores
Museu Caramulo – Portugal
Fundação Calouste Gulbenkian – Lisboa
Museu de Ovar – Portugal
Museu de Arte da Universidade do Ceará – Fortaleza – Brasil
Museu de Angola – Luanda
Museu de Pontevedra – Espanha, etc.
COLECÇÕES PARTICULARES
S.M. D. Juan Carlos de Espanha
S.M. Rei Semião da Bulgária – Madrid
ColecçãoUNILEVER – Holanda
Colecção Nestlé – Suiça, etc.
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1936 – Aguarelas, desenhos, caricaturas – Andulo/Angola
1937 e 1938 – Aguarelas – Luanda/Angola.
1944 – Aguarela e óleo – Secretariado de Propaganda Nacional – Lisboa
1944 – Galeria Fantasia – Porto – Portugal
1947 – Galeria Fantasia – Porto – Portugal
1948 – Casa do Estudante do Império – Delegação de Coimbra – Portugal
1948 – Salão do Casino do Furadouro – Portugal
1949 – Palácio Foz – Salão do Secretariado Nacional de Informação – Lisboa
1949 – Galeria Portugália – Porto
1950 – Galeria Fantasia – Porto
1950 – Salão Nobre do Palácio do Comércio – Luanda – Angola
1950 – Salão Nobre dos Organismos Económicos – Lourenço Marques/Moçambique
1952 – Salão Silva Porto – Porto
1952 – Salão Nobre do Palácio Foz – Lisboa
1952 – Salão Nobre do Clube do Niassa – Porto Amélia/Moçambique
1952 – Salão Nobre do Palácio do Comércio – Luanda/ Angola
1953- Aguarelas – cidade de Malangue/Angola Câmara Municipal de Benguela/Angola
1954 – Aguarelas Câmara Municipal de Nova Lisboa/Angola
1955 – Exposição no Instituto de Angola por ocasião do 1º Congresso dos Economistas Portugueses – Luanda
1956 – Museu de Angola – Luanda/Angola” Angola, Etnografia, História, Paisagem”
1956 – Câmara Municipal de Moçâmedes/Angola
1956 – Salão dos Organismos Económicos – Lobito/Angola
1956 – Salão Nobre do Palácio do Comércio – Luanda/Angola “Angola de Cabinda ao Cunene”.
1957 – Câmara Municipal de Benguela/Angola
1957 – Câmara Municipal de Silva Porto/Angola
1958 – Câmara Municipal de Lobito/Angola – “Angola Vista por Neves e Sousa”
1958 – Exposição dos Trabalhos realizados para o Museu de Angola – Luanda – Salão Nobre do Palácio do Comércio
1958 – “Neves e Sousa” Museu de Angola – Luanda
1957- Palácio Foz – Salão Nobre do Secretariado Nacional de Informação – Lisboa/Portugal
1959 – Angola em la Obra de A. Neves e Sousa – Salones Macarron – Jovellanos – Madrid – Espanha
1960 – Câmara Municipal de Malangue/Angola
1961 – Museu de Angola – Luanda
1961 – Câmara Municipal de S. Tomé – São Tomé e Príncipe
1961 – Galeria ABC – Luanda – Obra Abstracta
1961 – Associação Económica – “Angola – Neves e Sousa” – Lourenço Marques/Moçambique
1962 – Câmara Municipal de Quelimane – Moçambique
1962 – Câmara Municipal da Beira – Moçambique
1963 – Salão Nobre do Palácio do Comércio – Luanda/Angola
1964 – Palácio da Foz – Lisboa
1964 – Câmara Municipal de Silves – Festas da cidade – Algarve/Portugal
1964 – Museu de Ovar – Portugal
1965 – Galeria Guignard – Rio de Janeiro/Brasil
1965 – Gabinete Português da Leitura – Salvador da Bahia – Brasil
1965 – Salão do Hotel Nacional – Brasília – Brasil
1966 – Salão Nobre do Palácio do Comércio – Luanda/Angola “Da minha África e do Brasil que eu vi…”
1966 – Salão de Arte Kunstvereinigung – A Portrait of Angola – Windhoek/SWA – Namíbia
1967 – Câmara Municipal de Sá da Bandeira – Angola – Festas da cidade
1967 – Câmara Municipal de S. Tomé – S. Tomé e Príncipe
1968 – VII Festas do Mar – Moçâmedes/Angola
1968 – Museu de Angola – Luanda – Óleos de Neves de Sousa (Colecções do Museu de Angola)
1968 – Palácio Foz – Lisboa/Portugal Neves e Sousa
1969 – Salão Nobre do Palácio do Comércio Luanda/Angola – Aguarelas de Neves e Sousa – S. Tomé e Príncipe
1970 – Salão da Sociedade de Estudos de Moçambique – Lourenço Marques
1970 – Salão “CITMO” – Beira/Moçambique
1970 – Salão do Clube de Niassa – Nanpula – Moçambique
1973 – Casino do Estoril – Portugal – “Mulheres de Angola”
1974 – Auditório da Universidade de Bloemfontein Orange Vrystaat – África do Sul
1974 – Sociedade de Estudos de Moçambique – Lourenço Marques
1975 – Galeria da Pousada do Convento do Carmo – Salvador/Bahia/Brasil
1975 – Galeria do Hotel Nacional – Rio Janeiro/ Brasil
1975 – Hotel Lancaster/ Curitiba/ Paraná/ Brasil
1976 – Iate Clube do Rio de Janeiro – Brasil
1977 – Galeria CIMO – Curitiba/ Paraná/ Brasil
1976 – Galeria Unibanco – Petrópolis/ Brasil
1977 – Galeria “CIMO” Florianópolis – Santa Catarina – Brasil
1977 – Galeria “Credicard” – Salvador – Bahia – Brasil
1978 – Galeria Clube Português de São Paulo – Brasil
1978 – “Credicard” – Belo Horizonte – Minas Gerais – Brasil
1978 – Clube “Hebraica” São Paulo – Brasil
1979 – Museu de Arte da Universidade do Ceará Fortaleza/Brasil
1979 – Clube Português de S. Paulo
1979 – Salão da C.C.P.C. – Itabuna – Bahia – Brasil
1982 – Galeria do Casino Estoril
1980 – Clube Português de S. Paulo – Brasil
1981 – Museu de Arte de São Paulo (MASP) – São Paulo – Brasil
1981 – Galeria “Genaro” – Salvador – Bahia – Brasil
1982 – Galeria do Casino Estoril – Portugal
1982 – Salão da C.C.P.C. – Itabuna – Bahia – Brasil
1984 – Galeria do casino Estoril – Portugal
1985 – Galeria de S. Francisco – Lisboa
1985 – Museu Costa Pinto – Salvador – Bahia – Brasil
1991 – Exposição na Loios galeria – Porto
PARTICIPAÇÕES EM EXPOSIÇÕES COLECTIVAS :
1944 – Exposição da Primavera – galeria Augusto Molder – Lisboa
1944 – Exposição do Grupo Independente do Porto
1945 – Exposição do Grupo dos Independentes do Porto
1946 - Exposição do Grupo dos Independentes do Porto
1947 - 3ª Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - Porto
1947 - Aguarelista de Espana y Portugal - Madrid - Espanha
1947 – 3ª Exposição de Arte Moderna - Lisboa
1948- 4ª Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - Porto
1949 – 2ª Exposição de Arte Moderna - Aguarela - Lisboa
1949 – 1ª Exposição Anual de Cerâmica (SNI) - Lisboa
1949 - Exposição de Arte Sacra Missionária - Museu dos Jerónimos - Lisboa
1950- Exposição do Grupo dos Independentes do Porto
1950 - 6ª Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - Porto
1951 - 7ª Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte - Porto
1952 – 8ª Exposição de Arte Moderna dos Artistas do Norte – Porto
1952 – Exposição de Arte Portuguesa – Goa - Índia
1952 – 4ª Exposição de Arte Contemporânea - (SNI) - Lisboa
1954- Exposição Documentário de Artes Plásticas do Instituto de Angola - Luanda
1956- Vida e Arte Portuguesas - Lourenço Marques - Moçambique
1970 - Exposição Internacional de Desenho - Rijeka - Jugoslávia
1979 - Camões e a sua Época - Clube Português de São Paulo
1979 - 10 de Junho" - Gabinete Português de Leitura - Salvador da Bahia
1980- Exposição de 10 de Junho - Clube Português de S. Paulo
1981 - Exposição dos Emigrantes - São Paulo
1981 - Exposição da TAP - Rio Janeiro
1982 - Gabinete Português de Leitura - Salvador - Bahia - Brasil
1982 - O Folclore nas Artes Plásticas - Galeria Genaro
1982 - Hotel Galeão Sacramento (inauguração) Itaparica - Bahia
1982 - Exposição TAP - Brasília
1982 - Galeria "Auxiliar - Banco Auxiliar - Salvador - Bahia
1982 - Galeria Itaigara - Salvador - Bahia
1983 - Galeria Iguatemi - Salvador - Bahia
1984- Galeria Itaigara - "100 Anos de Carnaval" - Salvador - Bahia
1985 - Galeria Itaigara - Salvador - Bahia
1986 - Museu de Arte da Cidade de Salvador - Bahia
1986 - Casino Estoril
1987 - Embaixada de Portugal em Brasília
1989 - Espaço Cultural Boifsfont, Bruxelas - Bélgica
1990- Galeria Ada – Bahia
1991 - Galeria de Arte do Casino Estoril
Publicou os seguintes livros:
- Motivos de Angola - Poesia
- Mahamba - Poesia –
- Batuque - Poesia –
- Muênho - Poesia
- Macuta e Meia de Nada - Poesia 1975
- Olohuma - Poesia
- Angola a Branco e Preto (prefaciado por Jorge Amado)
- Da Minha África e do Brasil que eu vi (prefaciado por Prof. Luís da Câmara Cascudo)
- Mulheres de Angola - Texto e reprodução de pintura
Bibliografia:
Enciclopédia Luso-Brasileira
Enciclopédia Delata-Larousse
50 Anos de História do Mundo 1900-1950 - Lisboa Portuguese 20th Century Artists - Michael Tannock - London A Arte em Portugal - Estudio Cor - Lisboa.
A Arte em Moçambique - Feliciano Marques Pereira Angola - Dr. António Videira
Novos Parágrafos da Literatura Portuguesa - Amândio César Etnias e Culturas de Angola - José Redinha - Luanda - Angola Povo Flogá - Fernando Reis - São Tomé e Príncipe Seara dos Tempos - José Maria Eça de Queiróz - Lisboa. Grande Livro dos Portugueses - Circulo de Leitores etc..
Colaboração em vários jornais angolanos.
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